sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Lassus: Psalmi Davidis Poenitentiales
Download MP3: Baixar
Psalmi Primus, Secundus, Tertius
CD1.PsalmiDavidispoenitentiales.Herreweghe.rar
Psalmi Quartus, Quintus, Sextus, Septimus
CD2.PsalmiDavidispoenitentiales.Herreweghe.rar
Covers
Covers.PsalmiDavidispoenitentiales.rar
Mergulho
Era dessas noites claras.
Círculos de espumas boiavam
nas águas de brancas nebulosas.
No alto da palmeira
o menino de corpo moreno
tecia uma tanga de ramos
apoiado no entrelaçado
das folhagens.
Observava o redemoinho de
faces, cabelos e lábios.
E as espumas - estrelas
brancas, pálidas, flutuantes,
algumas pontas submersas
nas ondas, cobriam o mar.
Observava a dança silenciosa
dos fantasmas sobre as águas.
Homens de barbas longas,
uniformes envelhecidos,
e mulheres de saias esvoaçantes,
em rodopios orgíacos.
Vinham à tona festejar a lua
e mais uma vez reclamar
os corpos consumidos.
De um lado, tremulando na brisa
o mastro, as velas, a bandeira.
Galeão espanhol
em ruínas.
O menino deixou cair
a tanga em movimentos espirais.
Saltou do alto dos ramos, em voo.
Mergulhou no oceano branco,
bebeu a enxurrada de rostos,
pressionou a guelra dos pulmões,
atravessou as tábuas soltas,
os peixes, as ossadas,
a grande flecha de lodo,
apanhou no fundo das águas
a ostra de pedrinhas coloridas
e voltou para a superfície
com os cabelos envoltos em algas.
Trazia no rosto
imagens aprisionadas
em mil semblantes do tempo,
dos destroços de uma
Civilização desconhecida.
Círculos de espumas boiavam
nas águas de brancas nebulosas.
No alto da palmeira
o menino de corpo moreno
tecia uma tanga de ramos
apoiado no entrelaçado
das folhagens.
Observava o redemoinho de
faces, cabelos e lábios.
E as espumas - estrelas
brancas, pálidas, flutuantes,
algumas pontas submersas
nas ondas, cobriam o mar.
Observava a dança silenciosa
dos fantasmas sobre as águas.
Homens de barbas longas,
uniformes envelhecidos,
e mulheres de saias esvoaçantes,
em rodopios orgíacos.
Vinham à tona festejar a lua
e mais uma vez reclamar
os corpos consumidos.
De um lado, tremulando na brisa
o mastro, as velas, a bandeira.
Galeão espanhol
em ruínas.
O menino deixou cair
a tanga em movimentos espirais.
Saltou do alto dos ramos, em voo.
Mergulhou no oceano branco,
bebeu a enxurrada de rostos,
pressionou a guelra dos pulmões,
atravessou as tábuas soltas,
os peixes, as ossadas,
a grande flecha de lodo,
apanhou no fundo das águas
a ostra de pedrinhas coloridas
e voltou para a superfície
com os cabelos envoltos em algas.
Trazia no rosto
imagens aprisionadas
em mil semblantes do tempo,
dos destroços de uma
Civilização desconhecida.
(em Imagens, 1990, Editora Nova Safra, Belo Horizonte)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Carlos Drummond de Andrade: Tributo a Chaplin
Chaplin em Luzes da Cidade, cena inesquecível
Drummond no ano da publicação do poema
Publicado em 1945, no volume A Rosa do Povo, este longo poema de Carlos Drummond de Andrade é um dos mais belos e comoventes tributos a Charles Chaplin, gênio inquestionável do Cinema.
De fato, quem poderia esquecer do ator Chaplin, que deu vida a Carlitos, o vagabundo generoso, um dos mais ricos personagens que a Sétima Arte já criou? Após ele, qual cineasta deixaria de render homenagem ao seu legado? Recordemos O Garoto, Em Busca do Ouro, O Circo, Tempos Modernos e o imprescindível Luzes da Cidade, que é a obra-prima absoluta. Em todos esses títulos, o diretor e roteirista Chaplin elaborou uma linguagem universal contendo toda gama de emoções e pensamentos, utilizando-se apenas de expressão fisionômica e gestos. Na verdade, "apenas" não é a palavra correta, pois Cinema é imagem e movimento. E, neste sentido, como não admirar o Chaplin coreógrafo? O compositor Debussy, outro gênio, crítico severo que não engolia qualquer coisa, ao encontrar com Chaplin, disse-lhe que os movimentos de Carlitos eram dança, ballet, pura arte de um bailarino nato. E quem deixaria de valorizar também o Chaplin compositor, que nos deixou belas trilhas, entre elas a inesquecível Luzes da Ribalta?
Sem mais delongas, ei-lo:
De fato, quem poderia esquecer do ator Chaplin, que deu vida a Carlitos, o vagabundo generoso, um dos mais ricos personagens que a Sétima Arte já criou? Após ele, qual cineasta deixaria de render homenagem ao seu legado? Recordemos O Garoto, Em Busca do Ouro, O Circo, Tempos Modernos e o imprescindível Luzes da Cidade, que é a obra-prima absoluta. Em todos esses títulos, o diretor e roteirista Chaplin elaborou uma linguagem universal contendo toda gama de emoções e pensamentos, utilizando-se apenas de expressão fisionômica e gestos. Na verdade, "apenas" não é a palavra correta, pois Cinema é imagem e movimento. E, neste sentido, como não admirar o Chaplin coreógrafo? O compositor Debussy, outro gênio, crítico severo que não engolia qualquer coisa, ao encontrar com Chaplin, disse-lhe que os movimentos de Carlitos eram dança, ballet, pura arte de um bailarino nato. E quem deixaria de valorizar também o Chaplin compositor, que nos deixou belas trilhas, entre elas a inesquecível Luzes da Ribalta?
Sim, acredito que as homenagens, por mais mais vastas que sejam, ainda não alcançam com justiça esse artista multifacetado.
A sólida arte literária de Drummond nos encanta pela sinceridade e riqueza de metáforas. Lendo este poema, aqueles que conhecem a obra de Chaplin, o genial ator-cineasta, vão se emocionar com a viagem nostálgica, pois o poeta menciona trechos importantes de vários filmes.Sem mais delongas, ei-lo:
Marcadores:
Carlos Drummond de Andrade,
Charles Chaplin
Assinar:
Postagens (Atom)