A multidão solitária - as ordenadas
gentes
caminham silentes para lugar
nenhum.
Há eco nas pedras, em cada passo o
medo.
Alarido, o triturado silêncio, a
Babel moderna.
Criaturas à espreita de feriados,
vitrines, ou
trigo - rindo nos circos ou na
arena morrendo.
Até quando? marionetes de âmbar e
ébano,
indo manipuladas pela ironia de
líderes,
essas promessas que jamais se
realizam.
E pessoas vaidosas colocam nas
urnas o voto.
Nos bastidores os escolhidos trocam
risadas:
-Povo não governa. -Democracia é
doce ilusão.
Na capital paulista há uma praça
chamada Luz.
Por ela, dia-a-dia, muitos passam
apressados,
e não olham o busto de Giuseppe
Garibaldi.
Nele ninguém mais lê uma antiga
inscrição,
para o povo escrita: “Sociale
Giustiza”.
Nítida, mas apagada, no tempo
esquecida.
[1983-2013]
[1983-2013]
Um comentário:
Atualíssimo, meu caro Ailton.
Acredito que a melhor forma de protestar seja nas urnas...
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