Imaginem um piano suave que jamais cai no melífluo, acompanhado por músicos de técnica sofisticada porém acessível a todos. Não é preciso ser um expert em jazz, basta ter sensibilidade musical. Então, aqui está. The Ground, um belíssimo álbum gravado em 2005 pelo trio norueguês contemporâneo, formado por Tord Gustavsen (piano), Harald Johnsen (contrabaixo) e Jarle Vespestad (bateria). Absorvam com tempo e profundidade esse estilo requintado dos nórdicos estruturado no jazz tradicional. Altamente recomendado.
Faixas: 1-Tears Transforming (5:40) 2-Being There (4:19) 3-Twins (4:59) 4-Curtains Aside (5:17) 5-Colours of Mercy (6:12) 6-Sentiment (5:37) 7-Kneeling Down (5:50) 8-Reach Out and Touch It (5:51) 9-Edges of Happiness (3:09) 10-Interlude (2:05) 11-Token of Tango (4:14) 12-The Ground (7:16) Total: [1:00:29]
Retorna! Nereida bela do meio-dia! Inesperadamente tomaste-me nos braços naquele cair de tarde de setembro! Fada em ninfa transmutada! Retorna! Retorna os teus dedos mágicos! Converte-me de novo ao deus Pã! Devolve-me à doce selvageria das primeiras estações dos tempos! Teu beijo pode ser comoção cibernética! Mas não tem a frieza de fios, tubos ou satélites! Não é sem forma como as ondas de rádio! Porque tua boca é vulcão que rasga a terra, que desperta o fogo das entranhas! Oh, braços de substância indecifrável! Oh, alma de éter, corpo de fibras óticas! Acorda-me novamente, retira-me do torpor, reativa-me as células adormecidas! Se tenho que vagar por corredores inexistentes, se tenho que te buscar pelas salas do nada, poupa-me, diga ao menos a direção, Eurídice! desse território inefável ou reino das profundezas, para que te busque de volta à palpável realidade! Perco-me nesse inferno, nessa encruzilhada de chips nos uivos de demônios virtuais. Persigo-te no interior de uma máquina que termina na vastidão das nebulosas. Poupa-me desta mísera dimensão de mortal! Onde capturar o teu rosto que não conheci? Qual será teu nome, velada Eurídice, que estes lábios abertos de espanto não puderam pronunciar? Sei que só existe um véu separando nossos corpos. Sei que em algum lugar distante há uma alma, há dois olhos castanhos a comandarem esse mistério. Teus olhos captam o reflexo de um rio que borbulha neste silêncio imenso, absurdo, em que me deixaste. Ninfa em fada transmutada! Nereida bela da noite eterna!
O objetivo deste blog é compartilhar alguns de meus textos inéditos ou publicados em livros, jornais e revistas, recentes ou antigos. O outro motivo é compartilhar poemas, contos e ensaios de autores preferidos, além de reflexões e comentários sobre livros, filmes e música, com ocasionais downloads. Enfim, uma miscelânea, mas como a principal intenção aqui é a permuta de cultura e arte, os compartimentos e as regras rígidas não são necessárias. Convido, então, aqueles que apreciam espiritualidade e beleza: puxem a cadeira, sentem-se, estão em casa de amigo.
Ailton Rocha, escritor e poeta. Publicou livros de contos e poemas. Como crítico literário participou da conceituada Revista do Escritor de Brasília. É também estudioso de musicologia (história e estética da música erudita) com artigos esparsos em revistas e jornais.
Livros Publicados ou em Edição
-- Imagens (poemas e canções)
-- Realismo (contos com símbolos esotéricos e psicologia junguiana utilizando técnicas da pintura expressionista e surrealista)
-- Três Cadernos de Andarilho (poesia e prosa)
-- Ilcha: Lamentações na Ilha de Patmos (poemas apocalípticos) (no prelo)
-- Ausência de Cristais (coletânea de poemas e canções: 1982-2022) (no prelo)
-- O Fogo e a Cinza (seleção de ensaios, artigos e crônicas: 1982-2022) (no prelo)
-- Nove Estórias de Amor e Vida (contos, com os escritores Aníbal Albuquerque e Oreste Regispani)
-- 4 Cantos de Minas (poesias com Angela D’Arc, O. Regispani e A. Albuquerque)
A T E N Ç Ã O
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