sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tord Gustavsen Trio: The Ground


Imaginem um piano suave que jamais cai no melífluo, acompanhado por músicos de técnica sofisticada porém acessível a todos. Não é preciso ser um expert em jazz, basta ter sensibilidade musical. Então, aqui está. The Ground, um belíssimo álbum gravado em 2005 pelo trio norueguês contemporâneo, formado por Tord Gustavsen (piano), Harald Johnsen (contrabaixo) e Jarle Vespestad (bateria). Absorvam com tempo e profundidade esse estilo requintado dos nórdicos estruturado no jazz tradicional. Altamente recomendado.

Faixas:

1-Tears Transforming (5:40)
2-Being There (4:19)
3-Twins (4:59)
4-Curtains Aside (5:17)
5-Colours of Mercy (6:12)
6-Sentiment (5:37)
7-Kneeling Down (5:50)
8-Reach Out and Touch It (5:51)
9-Edges of Happiness (3:09)
10-Interlude (2:05)
11-Token of Tango (4:14)
12-The Ground (7:16)

Total: [1:00:29]

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Em Busca de Eurídice


Retorna! Nereida bela do meio-dia!
Inesperadamente tomaste-me nos braços
naquele cair de tarde de setembro!
Fada em ninfa transmutada! Retorna!
Retorna os teus dedos mágicos!
Converte-me de novo ao deus Pã!
Devolve-me à doce selvageria
das primeiras estações dos tempos!

Teu beijo pode ser comoção cibernética!
Mas não tem a frieza de fios, tubos ou satélites!
Não é sem forma como as ondas de rádio!
Porque tua boca é vulcão que rasga a terra,
que desperta o fogo das entranhas!
Oh, braços de substância indecifrável!
Oh, alma de éter, corpo de fibras óticas!
Acorda-me novamente, retira-me do torpor,
reativa-me as células adormecidas!

Se tenho que vagar por corredores inexistentes,
se tenho que te buscar pelas salas do nada,
poupa-me, diga ao menos a direção, Eurídice!
desse território inefável ou reino das profundezas,
para que te busque de volta à palpável realidade!
Perco-me nesse inferno, nessa encruzilhada
de chips nos uivos de demônios virtuais.
Persigo-te no interior de uma máquina
que termina na vastidão das nebulosas.
Poupa-me desta mísera dimensão de mortal!

Onde capturar o teu rosto que não conheci?
Qual será teu nome, velada Eurídice, que estes lábios
abertos de espanto não puderam pronunciar?
Sei que só existe um véu separando nossos corpos.
Sei que em algum lugar distante há uma alma, há
dois olhos castanhos a comandarem esse mistério.
Teus olhos captam o reflexo de um rio que borbulha
neste silêncio imenso, absurdo, em que me deixaste.

Ninfa em fada transmutada!
Nereida bela da noite eterna!