segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Amanhecer nas Serras de Minas


Atendendo a alguns pedidos, posto a pequena imagem 
que aparece no canto direito da página, desde o início deste blog. 
Para ampliá-la um pouco mais é só clicar sobre ela.
 

A Paisagem de Minha Janela

Chega um tempo em que o andarilho
descalça as botinas e medita:

É muito bom viajar em peregrinação
pelas belezas do mundo.
ó castelos, catedrais e capelinhas!
ó planícies verdes, ó lagos ao luar, 
ó picos brancos na distância azul!
Como são belos!

Melhor ainda é ter uma choupana para voltar.
Mais do que as vastas riquezas alheias
vale a minha janela, por onde avisto
as paisagens pátrias.
Há momentos, e não são poucos,
que a alma inteira cabe
em um minúsculo retângulo diante dos olhos.

Quando cessa a sede de horizontes,
como é bom ter uma varanda para sonhar
e um pequeno jardim para plantar!


domingo, 2 de dezembro de 2012

Elegia ao Azul da Aurora


se não voltares nunca mais

e estes olhos cansados se fecharem
retendo na íris a fímbria da luz

e esta mão pequena se recolher
como um caramujo retorcido

e cairem na relva estes braços
- último portal da presença...

sim, eu sei... no azul de tua aurora
não lembrarás de mim

mas ficarão à tua espera uma casa
com as janelas para o poente

e um jardim vazio
aguardando as rosas brancas

ou talvez, pela eternidade,
os nossos olhos tristes

sem memória


março-2006


















 




photo: justin k. blackburn

sábado, 1 de dezembro de 2012

Falla: El Amor Brujo, por Rocío Jurado



Carlos Saura dirigiu em 1986 o filme “El Amor Brujo”, baseado no bailado gitano de Manuel de Falla, talvez o maior compositor espanhol do século XX. Falla, admirado no mundo todo, principalmente pelos balés "El Amor Brujo", "El Sombrero de Tres Picos" e a suíte "Noches en los Jardines de España", é um ícone da música clássica de Espanha.

“El Amor Brujo” é um balé singular: misto de danza flamenca e declamação teatral, além de algumas canções em autêntico cante jondo, ponto alto dessa obra tão exata e artisticamente rica.

Para interpretar essas canções no filme de Saura, foi escolhida nada mais nada menos do que Rocío Jurado. A escolha não poderia ser mais feliz. Trata-se de uma das maiores e mais amadas cantoras espanholas de música folclórica, em especial flamenco e coplas.

Nascida em 1946, Chipiona, Andalucía, Rocío Jurado teve uma carreira fascinante, cujo maior legado é a voz registrada em inúmeros shows, discos e filmes. Após uma vida de imenso sucesso nacional e internacional, demonstrou no final uma admirável coragem na batalha contra o câncer de pâncreas, que a levou em 2006.

No vídeo abaixo, ouça e veja a Canción del Fuego Fatuo, seguida pela Danza del Juego de Amor e Las Campanas del Amanecer, todas do bailado "El Amor Brujo"! Que interpretação fabulosa! Que elegância expressiva, que classe dessa bela mulher!

Rocío Jurado não será esquecida!





Manuel de Falla (1876-1946)
Rocío Jurado (1946-2006)


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Bach-Busoni: Chaconne, por Hélène Grimaud


Ouçam e vejam essa maravilha!!! Trata-se da magistral transcrição que Ferruccio Busoni, um dos maiores pianistas da história, fez em 1892 para a Chaconne de Bach. 

Quase todos sabem: a obra original é simplesmente um dos maiores monumentos da arte musical. É impressionante a beleza, assim como a complexidade, a profundidade, a altitude, enfim é de se espantar a que ponto chega a expressão artística do ser humano!!! Não é para menos, afinal estamos falando de Bach. E não podemos esquecer que a Chaconne é um movimento da Partita No.2 que por sua vez pertence a um dos conjuntos de peças que Bach escreveu em 1720: as 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo. Ou seja, todas para um único violino!!! Especialmente na Chaconne há momentos em que um único instrumento soa como um órgão; em outros, como uma orquestra inteira. Só mesmo Bach!

E ainda assim é unânime a opinião de críticos, músicos e musicistas: a transcrição de Busoni para piano solo da Chaconne está no mesmo nível da original de Bach.

O que é Chaconne? Ou Ciaconna? que é a grafia na Itália, de onde originou a estrutura desse tipo de música instrumental muito frequente na Era Barroca. O musicólogo austríaco Karl Geiringer explica: "Trata-se de uma coleção de variações interligadas num padrão harmônico derivado de um simples baixo de quatro compassos. As variações apresentam-se usualmente em pares, em que a segunda realça sutilmente o conteúdo da primeira variação."

É ainda interessante dizer que Bach, segundo alguns historiadores, criou a sua Chaconne como um 'réquiem', recordando sua esposa e prima Maria Bárbara que havia falecido naquele mês de julho de 1720. O compositor encontrava-se em viagem e não conseguiu regressar a tempo para sequer despedir-se de sua amada que subitamente falecera. Por isso é que se diz: a Chaconne é o mais profundo cântico fúnebre que já se escreveu para um instrumento solo, fúnebre e ao mesmo tempo de uma luminosidade incomparável. Inicia com um lamento de dor, atinge o clímax na pura luz e termina com um lamento de saudade. É assim que eu tento compreendê-la.  

Há vários excelentes intérpretes cuja execução impressionam, tanto no violino (a de Milstein é a minha preferida) quanto no piano (existe inclusive uma magnífica gravação do próprio Busoni registrada em fita de rolo). Mas dentre tantos escolhi Hélène Grimaud para que tenhamos mais um espanto: ela é linda e elegante. Quem disse que talento não anda junto com beleza física? Uma obra como essa interpretada por beleza assim é duplo prazer. Quem discorda? Eu confesso: fico em êxtase e os meus ouvidos e os meus olhos agradecem.

Nem preciso dizer que é quase sacrilégrio ouvir uma obra desse nível sem a devida compenetração. Por isso, peço-lhes: quando estiverem em casa bastante tranquilos, sem qualquer ruído para atrapalhar, deixem carregar esse video, ouçam sem interrupções. É o mínimo de respeito que devemos para os geniais Bach e Busoni e para a talentosa e bela Grimaud...!




sábado, 24 de novembro de 2012

Círculo em Espiral


Ainda é manhã. A neblina
cobre parte do caminho
na escarpa de urzes.

À medida que o sol se levanta,
dissipam-se as réstias da água
condensada pelo mistério da noite.

O que antes era só gesto na névoa,
ciranda do incogniscível,
bailado de corpo em sombra,
jogo de luz a esconder semblantes,
aos poucos toma contorno.

Todas as formas tomarão
o sentido da verdade
que há de nos emocionar, um dia,
pela compreensão dos planos divinos
no centro da espiral constante.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dimitri Cervo: Abertura Brasil 2012



Se eu fosse compositor e visse em um programa de concerto o meu nome junto de Beethoven e Villa-Lobos, ... penso que só este fato já bastaria para que me sentisse realizado na proposta de criar música de qualidade. Por isso tento imaginar a sensação de Dimitri Cervo na estréia de sua Abertura Brasil 2012 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 3 de novembro e reapresentada no dia 8.

Dimitri Cervo é compositor brasileiro contemporâneo, nascido em 1968 no belo Rio Grande do Sul.  Gosto de sua música: é comunicativa, limpa, frequentemente estruturada em um minimalismo criativo, e aproveita bem o rico folclore gaúcho, o nordestino e de outras regiões; é autêntica música brasileira, mas vai além, expande-se, não se prende a escolas ou modismos, nem a fronteiras nacionalistas ou a experimentalismos cacofônicos.

Apreciem a Abertura Brasil 2012 de Dimitri Cervo: a alegria, a sensação de paisagens, de cores e aromas... a atmosfera de campo aberto, a lenta preparação que culmina em júbilo. Uma bela peça muito bem interpretada pela Orquestra Sinfônica Brasileira, na regência de Leandro Carvalho.




domingo, 16 de setembro de 2012

Cântico da Chegada

















Se, em horas noturnas, sentires o hálito
de brumas, diáfano e leve sobre o corpo,
saibas que sou eu que me faço presente.

Venho de longas distâncias, nas urzes do ar,
frágil luz ao sabor do vento e das dimensões,
alma alada adoecida de saudade dos olhos teus.

E aproximo, deito-me, abraçado juntinho a ti.
Desperta ! Venho trazendo um lírio do campo;
de azul é meu olhar nesta lágrima interrompida,

pois no riso, ah! neste riso que te trago, amor,
há a alegria em que sonhas o aroma da aurora.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Há uma Mancha Cinza no Horizonte


A desolação nos campos é grande
e entristece quem vem das cidades.
Há uma mancha cinza no horizonte
e um som de asas rondando as plantações.
Talvez gafanhotos. Talvez moscas venenosas.
Não. É bem provável que seja uma nuvem apenas.

As espigas de milho, mirradas,
pendem, umas aqui outras ali,
poucas, bem poucas, diante dos olhos.
Os camponeses sentem algo mais além da fome.
Os canarinhos entoam melodias tristes.

O rádio anuncia as últimas notícias:

“Os mísseis estão preparados.
Os exércitos estão reunidos
no lugar chamado Armagedom.”

O camponês ainda se levanta, olha o tempo:
Não vai chover.
Apanha algumas espigas de grãos esparsos
e leva-as para o moinho. Depois colhe
alguns tomates de um vermelho pálido
e leva-os para a sua senhora que prepara a refeição.

As crianças estão sentadas
no degrau da varanda (todas juntas)
olhando o espantalho.

O espantalho está de braços abertos,
amarrado em cruz no arame farpado da cerca.
Alguns corvos assentam sobre o seu chapéu.
Muito velho está o paletó branco,
sovado pelo tempo, pelo bico das aves negras.
No seu rosto de abóbora: dois olhos vazios,
parecem olhar tudo ao redor.
E o sorriso, aberto a canivete,
cortado sobre as estrias da redonda abóbora,
não é patético. É um riso irônico, de dor.
Tem uma face humana, de homem, se formando
por baixo dos restos e das lascas
da máscara de espantalho.

A mulher mostra o rosto na janela
e grita para as crianças:

“Está pronto o almoço.”

E o rádio anuncia:
“Está consumado.”


(de “Ilcha – Lamentações na Ilha de Patmos”)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Rainer Maria Rilke: Sobre o Amor



“[...] Amar também é bom; porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação. Por isso, pessoas jovens que ainda são estreantes em tudo, não sabem amar: tem que aprendê-lo. [ ] Com todo o seu ser, com todas as suas forças concentradas em seu coração solitário, medroso e palpitante, devem aprender a amar. Mas a aprendizagem é sempre uma longa clausura. Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria, com efeito, a união com algo não esclarecido, inacabado, dependente? O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de outro ser. [...]" (em “Cartas a um Jovem Poeta”, sétima carta)

Rainer Maria Rilke (1875-1926)

Imagem: Eros e Psiquê (detalhe)
escultura de Antonio Canova (1757-1822)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Cícero Acaiaba: Deste Amor se Vive



O conto é de Cícero Acaiaba, grande poeta e escritor mineiro, famoso na década de 50 como novelista da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Faria aniversário nesse início de mês se não tivesse partido há 3 anos. No dia 9, ao acordar, lembrei-me do colega e amigo; procurei entre os seus diversos livros um texto com o intuito de homenageá-lo. É um costume antigo que tenho: nas datas de nascimento de autores que admiro, gosto de ler em voz alta algumas de suas obras.

Com quase 20 coletâneas de versos, Acaiaba é sobretudo poeta, mas deixou também 4 volumes de memórias "Meu Pé Direito", uma peça de teatro bastante aplaudida "Deus com Muita Raiva" e dois bons livros de ficção, contendo contos premiados em concursos, quase todos já apareceram em jornais e revistas: "O Homem com a Faca no Peito", publicado em 1989, e "Um Anjo no Labirinto", ainda inédito, do qual escolhi o comovente conto.    


 Deste Amor se Vive


Tinha só metade das pernas, até os joelhos. Vítima de um trágico acidente de estrada, desses que acontecem quase todos os dias. Era moço, muito moço. Mas tinha também dentro de si uma força, uma intensa vontade de viver. Para isso o sonho e a fantasia de sua poderosa imaginação davam-lhe esperança. Ficava, às tardes, horas e horas à janela de sua casa antiga, colonial, apreciando crianças e pessoas no lazer da praça ajardinada, um pouco distante. Um dia acordou com um vago pressentimento, algo que ia mudar sua vida monótona para sempre. Ela surgiu não sabe de onde, só a percebeu quando estava debaixo da janela, sorrindo, e era de uma beleza de tirar o fôlego. Nunca a vira andando nos arredores do bairro.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Canções da China Antiga






[Pintura atribuída a Wang Wei]

Canção

(Escrita no século 12 antes de Cristo. Possivelmente, é a mais antiga canção à bebida de que se tem notícia na literatura chinesa e no mundo.)

O orvalho cai espesso sobre a relva.
O sol se pôs, finalmente.
Encha, encha até às bordas as taças de jade,
Ainda temos a noite diante de nós!

A noite inteira o orvalho ficará cobrindo
A relva e o trevo.
Em breve, bem breve, o orvalho secará,
Muito em breve a noite estará terminada!


Cao Cao (viveu entre 155 a 220 d.C.)

Contemplando o Mar

Da Pedra Erguida, olhando pra leste,
Exploro o mar sem fim:
Fervilham as águas, sem parar;
Ilhas montanhosas emergem,
Arvoredos espessos,
Luxuriante, a erva.
O vento do Outono sopra e assobia,
Vagas, imensas, se elevam no céu.
O sol e a lua, na sua viagem, parece
Que surgem do meio das ondas
E a Via Láctea, cintilante,
Como que vem do fundo do mar.

Que maravilha!
Canto-a
Nesta canção.


Tao Yuanming (Tao Qian) (365-427)

Bebendo Vinho (O Número Sete)

Crisântemos no Outono, a mais bela cor.
Com orvalho ainda – os colho, e faço-os
Flutuar neste que afoga cuidados:
- Põe-me bem longe do mundo.
Encho, sozinho, um copo de vinho,
Se fica vazio, deita por ele o jarro.
Põe-se o sol, tudo o que é vivo sossega,
Aves de volta entram no bosque cantando.
Assobio na varanda do leste, alegremente:
Encontrei de novo o sentido para a vida.


Meng Haoran (689-740)

Passando a Noite no Rio Jiang-De

A barca atraca na ilhota de bruma,
Crepúsculo: renasce a comoção do viajante.
Uma planura imensa: desce o céu às árvores,
Límpido, o rio: chega-se a lua aos homens.


Wang Wei (701-761)

(Poeta e pintor admirável, igualmente músico, numa das épocas grandiosas da História da China – a dinastia Tang. O Budismo, e particularmente o Budismo cha (zen), de que era convicto praticante, não o impediu de exercer durante bastante tempo cargos oficiais – como bom chinês que era. Da sua obra se diz “que os seus poemas são pinturas e as suas pinturas poemas”.)

Adeus a Yuan, o Segundo, ao Partir em Missão para Anxi

Na cidade de Wei, a chuva, matutina,
Fez assentar a poeira leve do ar.
Tudo está verde, na estalagem,
Verde como as folhas novas do salgueiro.
Peço-te que esvazies, uma vez mais, a tua taça.
Tu vais para o Oeste, além-fronteiras, e não tens lá amigos.

Na Alta Torre

No alto da torre: para a despedida,
Rio e planície no crepúsculo se perdem
Voltam as aves: pôr-do-sol,
O homem caminha, cada vez mais longe.


Bai Juyi (772-846)

(O mais popular poeta chinês, tanto na China como a Ocidente. Foi prolífico e, capaz de ir da sátira  - da aguda crítica social - ao lirismo, deu-nos uma poesia em que o humanitarismo se alia à simplicidade, fazendo dele um dos grandes poetas chineses. Conta-se que lia os poemas a uma sua criada, destruindo os que ela não entendia.)

Ervas sobre a Planície Antiga: Uma Canção de Despedida

Aqui e ali, surgem ervas na planície,
Em cada ano morrem e renascem.
Fogos selvagens queimam-nas, não as matam,
Com o vento primaveril, ei-las outras vez!
A fragrância, longínqua, perfuma a via antiga:
Um feixe de esmeraldas nas velhas ruínas.
É tempo, outra vez, de dizermos adeus,
E do senhor que parte se despedem elas.


Liu Zongyuan (773-819)

Neve no Rio

Sobre mil colinas, nem um voo de ave.
Em dez mil veredas, vestígio algum de passos.
Uma barca solitária, um velho de capa e chapéu de palha,
Pescando, solitário, na neve do rio gelado.

_______________


** (Com exceção da canção inicial, todas as poesias
pertencem a Uma Antologia de Poesia Chinesa,
traduzida e organizada por Gil de Carvalho,
Ed. Assírio e Alvim, 1989)




Não me curvo facilmente


Admiro o talento, a sensibilidade, a inteligência e o conhecimento de várias pessoas, e admiro muito os que persistem na bondade, porque desde que o mundo é mundo os bons quase sempre são recompensados com a ingratidão. Admiro-as, respeito-as pelo que conhecem e pelo que fazem, porém na maioria das vezes o meu corpo permanece em posição reta, não me curvo facilmente. Porque tenho visto só vaidade de vaidades, inclusive neste que ora reflete. O artista, o intelectual, o erudito só fazem porque precisam de platéia e aplausos, sonham em ver seus nomes nas placas e monumentos. E há muitos caridosos que ajudam só pela paz da consciência, ajudam a si mesmos.

Mas quando encontro alguém que possui inteligência e bondade nas mesmas proporções e todo bem que faz é pelo altruísmo que transcende, ou o talentoso genial que consegue ser humilde com sinceridade,  ou o bondoso que não perde o senso de justiça, e da mesma forma o justo que é equânime ao julgar - diante desses eu me curvo em profunda reverência. Em minha vida encontrei pouquíssimas pessoas assim. São raras.