segunda-feira, 17 de junho de 2013

Praça Paulistana



A multidão solitária - as ordenadas gentes
caminham silentes para lugar nenhum.
Há eco nas pedras, em cada passo o medo.

Alarido, o triturado silêncio, a Babel moderna.
Criaturas à espreita de feriados, vitrines, ou
trigo - rindo nos circos ou na arena morrendo.
                                   
Até quando? marionetes de âmbar e ébano,
indo manipuladas pela ironia de líderes,
essas promessas que jamais se realizam.

E pessoas vaidosas colocam nas urnas o voto.
Nos bastidores os escolhidos trocam risadas:
-Povo não governa. -Democracia é doce ilusão.
                                   
Na capital paulista há uma praça chamada Luz.
Por ela, dia-a-dia, muitos passam apressados,
e não olham o busto de Giuseppe Garibaldi.

Nele ninguém mais lê uma antiga inscrição,
para o povo escrita: “Sociale Giustiza”.
Nítida, mas apagada, no tempo esquecida.


[1983-2013]