domingo, 28 de julho de 2013

Li T'ai-Po: Caracteres Eternos



Alguns de meus versos preferidos de Li T’ai-Po. É também conhecido por outros nomes: Li Po ou Li Bai. O certo é que viveu no século VIII, no período da Dinastia Tang, considerada a era de ouro das artes chinesas. Li Po e Tu Fu talvez sejam os maiores poetas que a China já conheceu.


Bebendo Sozinho com a Lua
De um pote de vinho entre as flores,
Bebo solitário. Ninguém me acompanha...
Até que, erguendo minha taça, pedi à lua brilhante
Para trazer-me minha sombra e para que fizéssemos três.
Ai de mim, a lua era incapaz de beber
E minha sombra me acompanhava despreocupada;
Mas ainda por um momento tive dois amigos
Para me alegrarem já no fim da primavera...
Cantei. A lua me encorajava.
Dancei. Minha sombra espojava-se no chão.
Tanto quanto me lembro fomos bons companheiros.
E depois fiquei bêbado e nos perdemos um do outro.
... A boa vontade deverá ser sempre mantida?
Fiquei olhando a longa estrada do Rio das Estrelas.

A Dança dos Deuses

Pus toda a minha alma numa canção 
que cantei para os homens.
E os homens se riram!
Tomei meu alaúde, 
fui sentar-me no topo de uma montanha
E cantei para os deuses a canção 
que os homens não tinham entendido.
O sol baixava. 
Ao ritmo da minha canção, os Deuses dançaram
Nas nuvens encarnadas que flutuavam no céu.

Diálogo na Montanha
Perguntais por que moro na verde montanha.
Intimamente sorrio, mas não posso responder.
As flores de pessegueiro são levadas pela água do rio...
Há outro céu e outra terra, 
para além do mundo dos homens.

Ruínas de Su-Tai
Cresceram arbustos nas ruínas do palácio.
Hoje, a lua de Si-kiang é a única dançarina a bailar
Nas salas por onde deslizavam tantas mulheres formosas.

Caracteres Eternos
Escrevo versos. Levanto a cabeça e vejo na minha janela
Bambus que se balançam. Fazem um ruído de fonte. 
O céu é azul.
Os caracteres que traço 
parecem brotos de ameixeiras esparsos na neve.
O perfume das pequenas laranjas de Kiang-nam se evapora,
Se as guardardes por muito tempo nas mãos.
As rosas precisam de sol. As mulheres precisam de amor.
Os caracteres que traço 
não precisam senão do rumor dos bambus:
E são eternos! Eternos!

Li T’ai-Po (701-762)


Um comentário:

Rosa Rodrigues Pinturas disse...

As poesias de Li Po , são belíssimas, parabéns a você, que compartilha conosco estas maravilhas. Fiz também um blog com a mesma intenção sua, só que são fragmentos, simplesmente para que o mundo possa conhecer as maravilhas nossas e de outros países.Um grande abraço.