domingo, 25 de julho de 2010

Canção


Através das lentes de meus óculos
tu aproximas suave como brisa,
como ondas na claridade da manhã.

Uma forma de gestos pontilhados -
és a essência diluída de nuvem,
brilho transformado em substância.

Às vezes fico guiando o meu batel
no oceano de solidão, e sigo, sigo,
seguindo vou a música de tua voz.

E só me resta a imaginária presença:
na taça vou bebendo o teu corpo,
a minha constante, doce embriaguez.

Assim eu vou: sozinho, sem âncora,
sem leme, sem velas, sem tripulação.
Somente tu, somente a tua lembrança.



(em Três Cadernos de Andarilho, Editora Alba, 1997)

Um comentário:

Anônimo disse...

vir aqui sempre emociona, muito bonito....
Ana Coeli