terça-feira, 8 de março de 2011

Renascença na Inglaterra: Música Instrumental de Byrd e Dowland


Esta postagem é para os amantes da música da Renascença. O virginal muselar e o alaúde utilizados nestas gravações foram construídos rigorosamente a partir de modelos do século XVI e início do século XVII.

E, evidentemente, destina-se também aos interessados em conhecer a música desse fascinante período, além da virtual oportunidade de ouvir dois excelentes instrumentistas: Davitt Moroney e Paul O'Dette.

Para quem não conhece, é importante dizer que William Byrd e John Dowland foram dois dos maiores compositores da Era Elizabetana, contemporâneos de William Shakespeare, o genial dramaturgo.

William Byrd foi exímio organista e genial compositor polifonista, cuja obra coral para a liturgia anglicana - services, anthems, etc - era ouvida com admiração na capela real. Mas, por ser católico, talvez as suas peças mais belas sejam as missas e os motetos, que escrevia para as capelas particulares de nobres ricos. John Dowland foi um menestrel: cantor e mestre do alaúde, famoso em toda a Europa. Suas canções eram as favoritas da corte de Elizabeth I, embora jamais tenha conseguido nessa mesma corte o tão almejado cargo de alaudista.

Byrd e Dowland também escreveram música instrumental de grande valor. A pavan era uma das mais nobres danças do século XVI, de ritmo binário e andamento moderado, quase sempre seguida por outra dança mais viva, a galliard. Essas peças atravessaram os séculos e chegaram até os nossos dias, incorporando-se ao repertório dos recitais, a partir da revitalização da música renascentista e barroca. Pela qualidade artística e pelo rigor arqueológico, a obra desses compositores continua viva entre nós, apesar dos quatro séculos que nos separam.


O virginal muselar é um instrumento da família do cravo, um avô do piano moderno, díriamos. Difere do cravo por ser menor e pela colocação do teclado: à direita, e mais frequentemente no meio da caixa, de forma que as cordas são beliscadas no centro, o que lhe dá uma sonoridade mais abafada e quente. No século XVIII o virginal já era anacrônico, devido à evolução de outros modelos do cravo dos quais originou o piano-forte.

O alaúde, descendente talvez de um antigo instrumento persa ou árabe, tem a caixa em forma de meia pera. O seu conjunto de cordas, ao ser dedilhado ou palhetado, expande-se em belos timbres. Foi muito utilizado durante mais de três séculos até cair no esquecimento.

Esses dois instrumentos soam-nos hoje com alguma estranheza. Dessa forma, o antigo torna-se moderno, é sensação nova diante de uma delicada beleza.



John Dowland (1563-1626) por Paul O’Dette


em Alaúde construído por Paul Thomson, Londres, 1984,
baseado em modelo Magno Tieffenbrucker, de 1550
.


















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William Byrd (1543-1623) por Davitt Moroney

em Virginal Muselar, construído por John Phillips,
1991, a partir de instrumento flamengo de 1679.

















Download - Baixar:Byrd.DavittMoroney.zip



Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei de saber tudo isso, aqui em nossas igreja antigas sempre tem concerto com musicas renacentistas.
Como falou, uma delicada beleza
Luz
Ana