terça-feira, 23 de agosto de 2011

Infância























Verdelentos bosques em círculos
atrás o riacho: espelho de águas

depois: uma planície de margaridas
- mais infinita –

eucaliptos: sombras de mel
nuvens: Ó brisas de março!

eu: menino, abria os braços
com asas no olhar

canários rolinhas curiós
nos finos filamentos dos galhos

periquitos maritacas em revoada
eram folhas verdes no céu

na igrejinha o sino tocava
- tão longe –

de tão longe chamava
os meninos pra casa

sobre a folhagem da perobeira
o sol bocejava cansado e feliz

e hoje tudo é quietude:
tão breve silêncio
para tão longa saudade.


(agosto-1991)


Óleo sobre Tela:
Enfants dans le Pâturage (Paul Gauguin, 1884)

3 comentários:

Ana Coeli Ribeiro disse...

"Tão breve silêncio para tão longa saudaede"Lindissímo! voltei no tempo de criança...Me fez chorar de saudade...Luz
Ana

Ailton Rocha disse...

Que bom, Ana, que meus versinhos te sensibilizaram! Esses acenos da longinqua infância... Sim! concordo: que saudades! Forte abraço do Ailton

Ana Coeli Ribeiro disse...

Sim amigo, gostei imenso do seu poema,também vivi tudo isso que tão belamente descreveu.Todo ele é lindo do começo ao fim, uma joia rara mesmo!Aliás, todo o seu blog!
Luz
Ana