quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O que sou o que somos




Se perguntar o que sou, direi:
um pensador que não perdeu o rumo dos sonhos.
Mas se eu perguntar a mim quem sou, saberei?

Se ainda giram e circulam galáxias e átomos,
nebulosas fulgem e estrelas surgem,
se células renascem
como açucena no pó das searas,
é porque há no aparente caos uma réstia de luz;
é porque não se cansou ainda de ter esperanças
Aquele que inventa os elementos,
delineia no barro as formas
e concede individualidade às criaturas.

Sim, Dante tinha razão:
É o Amor que conduz todos os sóis,
implode o núcleo das esferas,
movimenta círculos, elipses e Big Bangs,
abre buracos negros e incendeia as supernovas.
É o Amor que efetiva trespasses e metamorfoses,
e em cada um o pulsar inesgotável das efemérides.

Somos grãos de areia, é certo,
mas também damos à ampulheta
o motivo em seu movimento infinito.
Regozijemo-nos! portanto.
Fazemos parte do milagre da vida.

Se perguntarem: Quem és?
Diga: não sei quem sou, mas sei deste item –
neste sangue corre o elemento dos vulcões
e minha carne é centelha de nebulosas.
Sou feito do mesmo brilho e da mesma matéria
de que são feitas as estrelas que surgem e passam.

Fica, enfim, a Alma, síntese e âmago do Criativo.
Mera semente. Somente. E Tudo.



Imagem:
Nebulosa de Helix da Constelação de Aquarius
[Copyright: Hubblesite.org]

2 comentários:

Ana Coeli Ribeiro disse...

"É o amor que efetiva trespasses e metamorfoses" Maravilhoso!
Luz!
Ana

Andréa Pires disse...

"Fica, enfim, a Alma, síntese e âmago do Criativo.
Mera semente. Somente. E Tudo."

Grande e simples assim...

Andréa.