domingo, 25 de setembro de 2011

Inscrição para minha Lápide


Se algum dia eu tiver uma,
peço aos amigos que inscrevam
palavras em minha lápide:
algum verso colhido de meu riso,
da dor ou da resignação. Não importa!
Mas quero o meu sorriso presente
na derradeira hora da benção
para que todos cantem comigo.

E se,
nos tempos a virem, nada tiver de meu
que compre uma lápide bela e vã,
e tiver que adormecer a cabeça
sob a sombra úmida de um canteiro,
peço-vos que guardem no coração
a minha mais pura lembrança.

E que o corpo seja húmus para a terra,
o meu coração seja vida para as flores,
e que o nome retorne ao que era:
palavra nas águas, brisa nas árvores.

Que todos os meus andrajos da vida
sejam devolvidos à mesma terra
de que foram feitos. Porque a alma,
esta eu devolvo pessoalmente

A Deus.



Ailton Rocha

domingo, 4 de setembro de 2011

Anotações atrás da Cortina (1)


Amor e Pensamento
conduziram a vontade
que elegeu a palavra
que fez surgir a ordem:

Faça-se a Luz!
E a Luz se fez.

O primeiro homem foi moldado e cozido
em poeira, água e fogo;
ao lhe ser insuflado o hálito,
foi dito: Viva! E ele viveu.

E quando homem e mulher erraram,
os Elohim disseram-lhes: Vivam;
com suor e agrúrias, mas vivam!
E eles viveram e colheram ciência.

Porque Luz e Vida andam juntas.
É preciso absorvê-las e cumpri-las.
E isso é bom.