domingo, 2 de dezembro de 2012

Elegia ao Azul da Aurora


se não voltares nunca mais

e estes olhos cansados se fecharem
retendo na íris a fímbria da luz

e esta mão pequena se recolher
como um caramujo retorcido

e cairem na relva estes braços
- último portal da presença...

sim, eu sei... no azul de tua aurora
não lembrarás de mim

mas ficarão à tua espera uma casa
com as janelas para o poente

e um jardim vazio
aguardando as rosas brancas

ou talvez, pela eternidade,
os nossos olhos tristes

sem memória


março-2006


















 




photo: justin k. blackburn

3 comentários:

Bruna disse...

Olá, Ailton. Devo confessar que penso em entrar contato com você a cerca de dois anos... Pois bem, tenho algo pra falar sobre a importância de seu blog para mim, se for possível... Mas, antes de qualquer coisa, gostaria de falar da importância deste belíssimo poema... Nenhum outro podia caber tão bem no meu presente, nenhum outro... Então, obrigada por compartilhar suas palavras e dividi-las com todos nós... Um dia uma garota atarantada encontrou um blog, por acaso, e nele tinha uma linda fotografia de um sol entre árvores... Aquela sol a salvou, de certo modo, era um jardim secreto... Um jardim para onde ela fugia quando precisava de palavras amigas... Parabéns pelo trabalho, pelos belos textos! E obrigada...

Ailton Rocha disse...

Olá ! Bruna. Muito obrigado por suas palavras de carinho. Não imagina o quanto fico contente pelo fato deste blog ter um bom significado para você. Me visite sempre que puder, contribua com a sua opinião... Lembre-se: está em casa de amigo.

Bruna disse...

Obrigada, novamente! E só mais uma observação, onde foi tirada a fotografia que mencionei? Se puder informar, claro... Acredito, de verdade, que boa parte da espiritualidade transmitida por este blog está nela...