terça-feira, 5 de julho de 2011

Dimitri Cervo: compositor brasileiro


A música ‘erudita’ brasileira, ainda que obscura no próprio país, sempre se destacou no cenário mundial: com reconhecimento imediato na Europa (Carlos Gomes) e depois internacionalmente (Villa-Lobos, Guarnieri, Santoro). Desde então, gerações de ótimos músicos se sucedem, alguns inspirando-se no rico manancial de nosso folclore e no cancioneiro popular; outros, optando por diferentes correntes estéticas, que souberam utilizar com criatividade. São vários os talentosos compositores de vanguarda da década de 60 até os dias atuais, citando alguns: Gilberto Mendes, Edino Krieger, Breno Blauth, Marlos Nobre, Almeida Prado, Jorge Antunes, Ronaldo Miranda e, recentemente, Harry Crowl, cuja obra tem se destacado bastante no exterior.

Entretanto, apesar do aumento significativo dos festivais de música contemporânea, não é possível negar o fato: depois que os movimentos concretistas e eletrônicos ditaram as regras à música 'erudita', tornando-a extremamente hermética, o grande público afastou-se das salas de concerto. Mas já surgem no cenário 'erudito' vários compositores com uma linguagem acessível àqueles que não se identificam com o cerebralismo das composições seriais e concretas. Hoje, a música de concerto, reclusa após décadas em círculos intelectuais, abre-se com um aceno visando uma maior comunicabilidade com os ouvintes que, apesar de não terem conhecimento técnico, possuem sensibilidade suficiente para apreciar uma obra elaborada. A tendência é a tonalidade, com ocasional atmosfera dodecafônica, mesclada com técnicas politonais, e temática nacionalista ou cosmopolita. Todas as experimentações e acertos anteriores a serviço da arte contemporânea, sem radicalismo e sem 'eruditismo'. Esse será o caminho da música do século XXI, penso eu.

Dimitri Cervo, nascido em 1968, em Santa Maria (RS) faz parte dessa nova geração de compositores que incentiva as pessoas a um retorno à música de concerto. São merecidos os elogios que o compositor gaúcho vem recebendo, nacional e internacionalmente. Suas obras em diversos gêneros (sinfônico, câmara, piano solo, coral) já foram apresentadas em todos os estados brasileiros e seguem caminho pelos festivais de várias cidades mundo afora. Nota-se nele um nacionalismo de voz própria: o bom aproveitamento do folclore indígena e a maneira como usa a dinâmica da percussão e os acordes minimalistas. Pensando nos apreciadores da boa música brasileira contemporânea, compartilho aqui, através de alguns vídeos, uma pequena parte de sua obra:

Toronubá, nesta ótima versão para cordas, percussão e piano, não perde o ritmo contagiante, é uma das melhores peças de Dimitri Cervo. O quadro sinfônico Brasil Amazônico nos encanta como a sugestão de uma clareira na grande selva, a melodia nos recorda um pouco a alegria folclórica de algumas peças de Guarnieri e Breno Blauth. E bela, muito bela é a poesia encantatória e intimista do Tema para Filme I, aqui interpretado com sensibilidade pelo próprio compositor.

Existem ainda diversas obras de valor: o elaborado Concerto para Violão; o Concerto para 2 Flautas e Cordas, interessante releitura do barroco vivaldiano; a canção coral Renova-te, com texto baseado em Cecília Meireles, etc. Esta última será apresentada no próximo 16 de julho no 42. Festival de Campos de Jordão.

Para maiores informações sobre biografia, recitais e concertos:

Dimitri Cervo: Official Website





Toronubá op. 16 (Série Brasil 2000 no. 4)
Orquestra Sinfônica de Sergipe - ORSSE
Guilherme Mannis, regente


Brasil Amazônico op. 13 (Série Brasil 2000 no. 1)
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre - OSPA
Isaac Karabtchevsky, regente


Tema para Filme I op. 23
Dimitri Cervo, piano
StudioClio, Porto Alegre - Brazil - UFRGS TV



Um comentário:

Ana Coeli Ribeiro disse...

Maravilhoso! não cnhecia, adorei mesmo!
Luz
Ana