sábado, 29 de agosto de 2009

Esquecimento


não se morre só quando se fecham os olhos
ou cessam de respirar os pulmões

se existem muitas formas de morrer
também morre o coração - aos poucos

na omissão do aceno tão esperado
no cruel silêncio de alguém que amamos

morre-se um pouco a cada dia
pela ausência da palavra que nunca chega

morre-se como galhos que se esgarçam
tentando abraçar os contornos da tarde

morremos - parcelas inexatas – fielmente
no acúmulo do carinho mendigado

um dia emudece a essência da alma
extingue-se a esperança, antes tão farta

e do amor sobra apenas uma ponte retorcida
em cujas tábuas soltas o abismo vence


4 comentários:

Anônimo disse...

Ailton, ensaiei escrever, apaguei, desisti e voltei. Tive vergonha de dizer apenas "lindo texto"

Mariana de Oliveira Campos disse...

que lindo texto!

mesmo. encantador...

Ailton Rocha disse...

Grato pela visita e sensibilidade.

Milene R. F. S. disse...

Ailton, adorei o seu blog e seus poemas... todos muito sensíveis, lindíssimos, virei sua fã... Esse especialmente quase me levou as lágrimas! Tenho planos de fazer mais para frente ( quando o meu tempo livre me permitir ), um blog cultural também, com poemas meus e de outros autores, música, algumas discuções... Te aviso quando ele sair e te convido desde já a conhece-lo também... Beijos e mais uma vez parabéns pelo maravilhoso blog, Milene.