domingo, 8 de março de 2009

O Ideograma da Paz: Homenagem às Mulheres



Há um teorema da psicanálise que diz mais ou menos assim: A feminista mais exaltada é aquela que no fundo mais sente o complexo de inferioridade em relação ao homem, devido à síndrome da castração, e o machista mais arrogante é aquele que sente de forma mais terrível o pânico antecipado da impotência.

Na guerra pouco camuflada entre machos e fêmeas há lanças armadas e escudos na tentativa de esconder os medos mais íntimos e as raivas mais ilógicas, ocultas em vontades sexuais, em desejos comprimidos, achatados no porão do subconsciente. Nesse ponto Freud continua com razão: "Há dois desejos que movem o mundo: um é o desejo de ser importante e de ter poder, e o outro é o desejo sexual." Esse segundo desejo, o sexual, é uma das mais poderosas facetas do jogo do poder. Os artifícios de sedução são estratégias de guerra na tentativa de uma conquista para se chegar ao domínio. Mas, semelhante a todos domínios, este também é temporal e exaustivo, que sempre requer novas táticas e emboscadas. Se essa energia fosse canalizada para duplicar a prática da compreensão e do respeito na convivência entre os dois sexos o resultado seria muito mais gratificante e produtivo.

Ora, uma plataforma jamais se sustenta sobre um único pilar. Mulheres e homens só podem ser unos e completos quando associarem os seus valores, já que estes são semelhantes e complementares. Enquanto existirem feminismo e machismo haverá cisão, e com ele o rompimento dos pilares que sustenta a harmonia da espécie humana. Existirão guerras, não guerras às claras, mas aquelas mais terríveis, que acontecem nos bastidores, nas sombras, no jogo da mentira, e o que pode vir de tudo isso: solidão, mais, muito mais solidão.

É interessante que na China, civilização onde nasceram tantos sábios, escreve-se PAZ da seguinte forma: são ideogramas conjugados, um deles significa teto; acima dele, o raio e o trovão. Abaixo do teto, inscreve-se o correspondente pictórico de mulher, significando com isso que a ‘mulher dentro do lar traz a paz’, ou em símbolo estendido: ‘a mulher protege o lar das tempestades’.

De fato, a mulher possui um papel fundamental na família e, consequentemente, na sociedade. Entre outros atributos, é a que rege a educação afetiva e moral dos filhos e, tendo o natural sentido visionário de compreender intuitivamente a vida, possui a sabedoria da sensatez. O homem, sendo de natureza ativa e possuindo o ímpeto das edificações práticas, muitas vezes confunde as partes pelo todo, esquecendo-se de que a mulher em sua meticulosidade contemplativa consegue compreender maravilhosamente o mecanismo que move as complexidades da vida.

Na verdade, as mulheres nunca reclamaram de sua nobre missão de esposas e educadoras. Reclamam é de outra coisa. A feminista revoltada de hoje é o triste resultado dos longos anos de desrespeito e da falta de valorização por parte da maioria dos homens.

Já diziam os sábios do oriente que a mulher bem amada é capaz de prodígios; a mulher, quando compreendida como igual, aumenta a sua capacidade de apoiar o homem e, às vezes, com leal sinceridade torna-o maior diante de si mesmo. São inúmeros os casos de grandes homens que só o foram porque tinham grandes mulheres apoiando-os, impulsionando-os em suas metas. Esse motivo já bastaria para que os homens protegessem as mulheres como um inestimável tesouro.

Creio no dinamismo do homem que estende as mãos, aperta o barro e constrói as catedrais sonhadas. E creio também na essência da mulher, na sua capacidade intuitiva de gerar a paz. Eu, longe de ter a sabedoria que possa compreender a partir de que ponto essa estrutura harmônica dos complementos foi rompida, apenas sinto que o mundo ocidental moderno jamais poderia ter esquecido a sublime posição da mulher como conselheira do homem.


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