quarta-feira, 29 de abril de 2009
Canção de Outono
Poderá você, algum dia,
quando mirar o rosto no espelho,
ver junto de seus cabelos ao vento,
um pouco de minha face antiga?
um pouco de meu sorriso?
um pouco de minha vasta saudade?
Terá permanecido em suas retinas
um pouco de tudo?
Terá permanecido alguma sílaba
que não foi dispersa pela brisa?
alguma marca
que não foi obscurecida pela névoa?
Terá permanecido em você
um pouco da canção de meus olhos?
Teria permanecido a flutuar
no mar de sua memória
uma parte visível
de meu veleiro de nuvens?
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