É preciso viver intensamente
o presente como se presente fosse,
pois é sabedoria segurar entre os dedos
o momento único, mas sempre com um olhar
no passado e o outro olhar no futuro.
O passado nunca passa. Continua em nós.
Somos o resultado dos dias que se foram.
Porém a parte decadente do que passou
está nas frustrações mantidas e revividas.
Edificante mesmo só a experiência adquirida.
O futuro não está totalmente no porvir.
A cada momento germina-se no presente
o futuro que ainda não aconteceu. A noite
é a semente do dia. E o dia guarda a semente
da noite. Na morte já existe a gestação da vida.
Ato precipitado é destruir o futuro
pela inconsciência do passado.
Agir como se não houvesse amanhã
é o mesmo que negar a verdade
do plantio que ontem ocorreu em nós.
Agir precipitadamente é remexer nos nós
do tempo, desatá-los antes da liberação,
é mastigar a semente como se fruto fosse.
É como lançar grãos em terras frias de geada.
Da esterilidade boas colheitas não podem surgir.
No entanto, burlar a verdade do tempo
é cegar-se ao giro da ampulheta que se volta
inúmeras vezes mas nunca de maneira igual.
É preciso lançar fora as espigas velhas do ontem,
e amar profundamente na semente o reinício da vida.
2 comentários:
Maravilha, Ailton! Mais um daqueles de simplicidade e clareza ímpares. Muito obrigado! Pedro Augusto.
Caro Ailton:
Visito,uma vez mais, seu excelnte blog, trazido pelo "pensamento taoísta" de grande sabedoria.
Cordial abraço.
Aníbal
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